Uma vez que se queria uma sociedade expurgada de toda a ameaça à suposta pureza da 'raça' germânica, foram os homossexuais alemães os principais visados pelo ódio e impulso de destruição nazi. Veja-se, abaixo transcrito, o discurso de Himmler (Quem é?), proferido a 18 de Fevereiro de 1937:
Se eu admitir que existem 1 ou 2 milhões de homossexuais, tal significará que 7%, 8% ou 10% dos homens são homossexuais. E, se a situação não for alterada, o nosso povo será destruído por essa doença contagiosa. A longo prazo, nenhum povo conseguiria resistir a tal perturbação da vida e do equilíbrio sexual [...] Um povo de raça pura que tenha poucas crianças é um povo que tem um pé na cova; dentro de 50 a 100 anos não terá qualquer significado e em duzentos a quinhentos anos extinguir-se-á [...] A homossexualidade reduz todos os resultados a zero e destrói qualquer sistema básico; destrói os próprios alicerces do Estado. Além disso, os homossexuais sofrem de uma doença mental. São fracos e cobardes em matérias fulcrais [...] Temos de compreender que, se este mal continuar a espalhar-se na Alemanha e se não formos capazes de o parar, acabará com a Alemanha. Será o fim do mundo germânico. (http://perso.wanadoo.fr/d-d.natanson)
No entanto, isso não significa que homossexuais de outros países, principalmente os anexados pela Alemanha, não tivessem sido perseguidos e deportados. Pierre Seel, originário da região francesa da Alsácia, foi deportado, apenas com 17 anos, para o campo de Schirmeck, em resultado de uma denúncia de roubo de um relógio que o próprio fez à polícia. O facto do local do roubo estar identificado como zona de frequência homossexual, foi o suficiente para que Seel fosse incluído na lista de homossexuais. No livro que escreveu, Moi, Pierre Seel, deporté homosexuel, diz: "Nos campos, os homossexuais eram sujeitos às mesmas [relativamente aos outros prisioneiros] privações, brutalidade, trabalhos forçados e experiências médicas, mas o triângulo cor-de-rosa * que usavam, atraía o remoque e infligia sofrimentos ainda maiores. Por vezes eram atirados aos cães dos SS, que os despedaçavam em frente dos restantes detidos."
A maioria das experiências médicas a que eram submetidos consistia numa injecção de hormonas sintéticas ministrada na virilha direita com o suposto objectivo de curar a doença de que eram portadores: a homossexualidade. A consequência destas experiências pseudo-científicas era a morte de grande parte dos estrelas rosa.
Os mais novos eram vistos como mercadoria sexual para uso dos Kapos (Ver aqui) e dos prisioneiros criminosos, os que gozavam de maiores privilégios dentro dos campos. Jean-Michel Lecomte, no seu Ensinar o Holocausto no Século XXI, cita Aimé Spitz, deportado como preso político, mas também ele homossexual: "Um jovem alsaciano do departamento do Alto Reno era disputado por dois Kapos, todos os domingos, um deles dava-lhe uma tigela de sopa e outro um charuto. Em resultado do ciúme dos Kapos, foi enviado certa noite para a enfermaria para ser desinfectado; no dia seguinte foi encontrado morto. Tinham-lhe injectado petróleo nas veias. Tinha apenas 19 anos" (p. 81)
* À semelhança do que acontecia com os judeus, obrigados a usar uma estrela amarela
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