segunda-feira, 31 de julho de 2017
Há 85 anos
"As eleições legislativas de 31 de Julho de 1932 deram uma grande vitória ao Partido Nazi, que conquistou 230 cadeiras no Reichstag, tornando-se o maior partido político." (jornais)
terça-feira, 18 de julho de 2017
Laura Knight, «The Nuremberg Trial» (1946)
segunda-feira, 17 de julho de 2017
domingo, 16 de julho de 2017
sábado, 15 de julho de 2017
Berlim, Julho 1945
Sensational film footage! Berlin after the apocalypse in color and HD - Berlin In July 1945 (HD 1080p) from Konstantin von zur Mühlen on Vimeo.
sexta-feira, 14 de julho de 2017
Haïm Lipsky, o violinista de Auschwitz
Haïm Lipsky Mais aqui |
quinta-feira, 13 de julho de 2017
Fantasia Lusitana (2010) de João Canijo
quarta-feira, 12 de julho de 2017
Every Face Has a Name - Trailer
sexta-feira, 7 de julho de 2017
Paul Celan diz «Todesfuge»
George Steiner - «O verdadeiro crime é viver demasiado»
Como era a sua família?
Tinha características centro-europeias e vienenses, pois minha mãe era austríaca e o meu pai checo. Eu nasci e fui criado em Paris, porque em 1924 a família mudou-se para França. O meu pai, que tinha uma intuição política extraordinária, estava certo de que o desastre na Alemanha e na Áustria estava para vir.
Esse não foi o único momento em que a intuição do seu pai funcionou.
Não. De facto, em 1940, voltou a sentir perigo e tirou-nos de Paris. De outro modo teria sido demasiado tarde. Ele não teve qualquer dúvida de que os alemães viriam e de que a França seria provavelmente vencida. Estava em Nova Iorque e mandou-nos chamar, porque teve uma informação, na qual acreditou, de que a França seria ocupada em poucos meses. Saímos de Génova no último navio americano para Nova Iorque.
Foi por isso que, num ensaio dos anos 60, se definiu a si próprio como «uma espécie de sobrevivente»?
Sim, porque na minha escola em Paris, onde havia muitos judeus, só dois sobreviveram. Todos os outros foram mortos. Portanto, é um milagre ter sobrevivido.
E o que é ser um sobrevivente?
É complicado. Significa ter vergonha, perguntar-se: «porquê eu?», quando os outros morreram. E, por outro lado, significa ter ao longo da vida a obrigação de nunca esquecer.
Tinha características centro-europeias e vienenses, pois minha mãe era austríaca e o meu pai checo. Eu nasci e fui criado em Paris, porque em 1924 a família mudou-se para França. O meu pai, que tinha uma intuição política extraordinária, estava certo de que o desastre na Alemanha e na Áustria estava para vir.
Esse não foi o único momento em que a intuição do seu pai funcionou.
Não. De facto, em 1940, voltou a sentir perigo e tirou-nos de Paris. De outro modo teria sido demasiado tarde. Ele não teve qualquer dúvida de que os alemães viriam e de que a França seria provavelmente vencida. Estava em Nova Iorque e mandou-nos chamar, porque teve uma informação, na qual acreditou, de que a França seria ocupada em poucos meses. Saímos de Génova no último navio americano para Nova Iorque.
Foi por isso que, num ensaio dos anos 60, se definiu a si próprio como «uma espécie de sobrevivente»?
Sim, porque na minha escola em Paris, onde havia muitos judeus, só dois sobreviveram. Todos os outros foram mortos. Portanto, é um milagre ter sobrevivido.
E o que é ser um sobrevivente?
É complicado. Significa ter vergonha, perguntar-se: «porquê eu?», quando os outros morreram. E, por outro lado, significa ter ao longo da vida a obrigação de nunca esquecer.
Entrevista de Luciana Leiderfarb, «Revista do Expresso», 3/Junho/2017
Etiquetas:
«O Dever da Memória»,
George Steiner,
sobreviventes
quarta-feira, 5 de julho de 2017
«Os Comboios muito pontuais de Eichmann»
Adolf Eichmann |
(...) Eichmann, sentado num escritório, despachava papéis e fazia telefonemas importantes, milhões de pessoas morriam como resultado daquilo que fazia. Alguns morreram de febre tifóide e de fome, outros foram obrigados a trabalhar até morrer, mas a maioria morreu com gás. Na Alemanha nazi, os comboios andavam a horas - Eichmann e outros foram obrigados a trabalhar até morrer, mas a maioria morreu com gás. Na Alemanha nazi, os comboios andavam a horas - Eichmann e outros como ele certificavam-se disso mesmo. A sua eficiência mantinha cheios os vagões de gado. No seu interior, havia mulheres e crianças, todos numa longa e penosa viagem para a morte, normalmente sem comida nem água e, por vezes, em condições extremas de calor ou frio. Muitos morriam durante a viagem, particularmente os idosos e os doentes.
(...) Eichmann desempenhou um papel importante nestes crimes. No entanto, após o fim da Segunda Guerra Mundial, conseguiu escapar aos Aliados e foi para a Argentina, onde viveu secretamente durante alguns anos. Contudo, em 1960, alguns membros dos serviços secretos israelitas, a Mossad, descobriram-no em Buenos Aires e capturaram-no. Drogaram-no e levaram-no para Israel a fim de ser julgado.
Hannah Arendt |
Eichmann não era o primeiro nazi que Arendt conhecera. Ela própria fugira aos nazis quando se mudou da Alemanha para a França, acabando por se tornar cidadã norte-americana.
(...) No entanto, agora em Jerusalém, Arendt iria conhecer um tipo muito diferente de nazi. Ali estava um homem muito vulgar, que decidiu não pensar muito sobre o que fazia. A sua falta de reflexão teve consequências desastrosas. Mas não era o sádico maléfico que Arendt esperava encontrar. Era algo muito mais comum, mas igualmente perigoso: um homem irrefletido. Numa Alemanha onde as piores formas de racismo haviam sido escritas na lei, era fácil para Eichmann convencer-se de que o que fazia estava certo. As circunstâncias deram-lhe a oportunidade de ter uma carreira bem-sucedida e aproveitou-a. Para Eichmann, a Solução Final de Hitler era uma boa oportunidade de mostrar que podia fazer um bom trabalho. (...)
Ao contrário de alguns nazis, Eichmann não parecia motivado por um grande ódio aos judeus. Não tinha esta maldade de Hitler. Havia muitos nazis que espancariam alegremente um judeu na rua até à morte por não fazer a saudação «Heil Hitler!», mas Eichmann não era desse género. No entanto, aceitaraa linha oficial nazi, e muito pior que isso, ajudara a enviar milhões de pessoas para a morte. Mesmo enquanto ouvia as provas apresentadas contra si, parecia não perceber o mal que fizera. A seu ver, dado que não infringira qualquer lei e nunca matara diretamente ninguém ou pedira a alguém para o fazer, comportara-se bem. Fora educado para obedecer à lei e treinado para seguir ordens, e estava rodeado de pessoas que faziam o mesmo. Ao receber ordens de outros, evitava sentir-se responsável pelos resultados do seu trabalho diário.
Eichmann não tinha necessidade de ver as pessoas empilhadas em vagões de gado ou de visitar os campos de extermínio. Tratava-se de um homem que disse ao tribunal que não pôde ser médico porque tinha medo de ver sangue. No entanto, tinha sangue nas mãos. Era um produto de um sistema que, de certa maneira, o impedia de pensar criticamente sobre as suas próprias ações e sobre os resultados que produziam nas pessoas reais. Era como se não conseguisse imaginar os sentimentos dos outros. (...)
Arendt usou a expressão «a banalidade do mal» para descrever o que viu em Eichmann. Se uma coisa é «banal», é comum, aborrecida e pouco original. A maldade de Eichmann, dizia ela, era banal no sentido em que era o mal de um burocrata, de um gestor, e não de um demónio. Era um homem muito vulgar que permitia que as ideias nazis afetassem tudo o que fazia.
Nigel Warburton, Uma Pequena História da Filosofia, trad. Pedro Elói Duarte, Edições 70, 2012, pp. 207-209
Etiquetas:
a «banalidade do mal»,
bons funcionários,
legalidade
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