domingo, 26 de março de 2017

Etty Hillesum (1914-1943)

Serei mais tarde a cronista das nossas vicissitudes. Forjarei uma nova linguagem em mim e guardá-la-ei se não tiver oportunidade de escrever alguma coisa. Tornar-me-ei sensível e ressuscitarei e cairei morta; e ressuscitarei novamente. Pode ser que então mais tarde tenha um espaço tranquilo em meu redor e, nesse caso, hei-de ficar tanto tempo lá sentada, mesmo que por um ano, até a vida brotar de novo em mim e as palavras que darão testemunho daquilo que terá de ser testemunhado me surgirem.

Etty Hillesum, Diário 1941 -1943, Trad. Maria Leonor Raven- Gomes, Assírio & Alvim, 2009



Pat Brassington, «The tongue»



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