domingo, 28 de fevereiro de 2016

Acerca de Terezín

Por Kathleen Gomes

(…) Na história do Holocausto, Terezín é um caso à parte, por mais do que uma razão: foi ‘vendido’ pelos nazis em 1942 como uma comunidade-modelo para a elite judaica, oferecida pelo Fuhrer, e, inicialmente, os judeus foram para lá de livre vontade; era um campo de transição e não de extermínio. Mas para pessoas como o cineasta Claude Lanzmam, autor do monumental Shoah (e que recentemente dedicou um filme a Terezín), é o expoente máximo da perversidade e da crueldade do Terceiro Reich porque a mentira camuflou o crime nazi.       
Em 1944, a Cruz Vermelha Internacional fez uma visita de inspecção a Terezín, o que motivara, meses antes, uma “acção de embelezamento da cidade” decretada pelas SS: a densidade populacional foi aliviada, plantaram-se flores, pintaram-se as fachadas das casas, cafés e lojas foram recuperados, abriu-se um banco e um centro comunitário com auditório, biblioteca e sinagoga. O relatório final da Cruz Vermelha foi tão positiva que a organização desistiu de inspeccionar outros campos nazis.



Iin “Ípsilon” revista do Público de 17/12/2014

Sem comentários:

Enviar um comentário