sábado, 27 de janeiro de 2018

One Day in Auschwitz 2015 720p HD Auschwitz Holocaust Documentary

Pavel Friedmann

A Borboleta  

A última, a última das últimas,
Tão intensa, brilhante, estonteantemente amarela.
Talvez se as lágrimas do sol cantassem
Sobre uma branca pedra.

Tanto, tanto amarelo
Alto levado levemente.
Assim se vai porque tenho a certeza que deseja
beijar o mundo com um a-deus.

Há sete semanas que vivo aqui,
Dentro deste gueto encurralado.
Mas descobri o que aqui amo,
Chamam-me os dentes-de-leão
E os braços da castanha branca.


Só mais nenhuma borboleta vi.
Aquela borboleta foi a última.
As borboletas não vivem aqui,
no gueto.

Pavel Friedman, morto em Auschwitz em 1944

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

"Wer zeugt für den Zeugen?" ("Quem testemunha pela testemunha?”) Paul Celan


“Como serias tu em Auschwitz?” Ainda não sabemos tudo sobre o Holocausto

A publicação de "Holocausto: Uma Nova História", de Laurence Rees, poderá levar a que se pergunte se o mundo precisa de mais um livro sobre o tema. A resposta é: sem dúvida.

  1. 1.A história, entre a culpa e o orgulho
  2. 2. Laurence Rees: Um especialista no Abismo
  3. 3. As raízes do anti-semitismo
  4. 4.“Sem Hitler, não há Holocausto”
  5. 5. Porque não fugiram os judeus alemães?
  6. 6. Porque foi a taxa de extermínio dos judeus diferente em diferentes países?
  7. 7. O inquietante caso francês
  8. 8. Anti-semitismo à solta no Leste
  9. 9. A conferência de Wannsee
  10. 10. Perguntas e respostas

A história, entre a culpa e o orgulho

A memória humana pode ser inacreditavelmente precisa nalgumas ocasiões e assustadoramente volátil e nebulosa noutras. O ser humano tem propensão para reescrever o passado de forma a eliminar ou esbater episódios embaraçosos e a empolar e embelezar aqueles que o mostram a uma luz mais favorável. Este impulso para distorcer a realidade em nome da auto-preservação e do auto-engrandecimento conheceu forte impulso com o advento da era da “pós-verdade” e dos “factos alternativos”. Esta nova atitude mental não significa, obviamente, que os líderes políticos e governantes começaram agora a mentir ou a “proferir inverdades” – prática com ininterrupta tradição desde a primeira vez em que o cabecilha de um bando de trogloditas prometeu à tribo mamutes maiores e mais tenros se o ajudassem a eliminar um rival – mas que às massas deixou de importar se os líderes que apoiam dizem ou não a verdade; ou seja, com o facto de, na era do acesso universal a todo o tipo de informação e de mecanismos de verificação de factos, as massas terem, escolhido ouvir apenas aquilo que confirma os seus preconceitos (o que pode ser visto como uma reacção obtusa e preguiçosa à sobrecarga de informação do nosso tempo).
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