João Luís Barreto Guimarães |
«Quanto vale a história no mercado da poesia?»
São imagens que se esbatem na memória
desse dia (soldados a preto e branco irrompendo
pelo comboio ordenando a saída
bradando em alemão) nós
em fila indiana cruzando a pé a fronteira
nossos nomes alinhados na escura
noite de
nenhures. «Quanto vale uma memória no
mercado da poesia?» Na fronteira para Viena
havia que trocar de comboio (ninguém
em Praga alertara para essoutra
composição). O fumo subia em fuligem
da negra locomotiva arrancando um calafrio ao
imo de um
medo profundo. «Quanto vale uma imagem
no mercado da poesia?»
Soldados a preto e branco.
Nossos nomes alinhados.
O fumo subindo
subindo.
João Luís Barreto Guimarães, você está aqui, Quetzal, 2012, p. 21
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